quinta-feira, 30 de junho de 2016

Beni - KillM




Beni é o cara atuante na cena, que sabe fazer com as próprias mãos... além de mc e beatmaker, ele anda dirigindo bons clipes.
Lembro da época que a Batalha do Real acontecia todos os sábados na Lapa, ele tinha um visual que chamava muita atenção e um nome bizarro, mc Saco de Cola. Quando a moda do hip hop ainda era bem fraca no Rio, ele já se destacava vestindo camisa que ultrapassava os joelhos. Não recordo dele batalhando, mas sim de batalhas históricas que aconteciam em um buraco da Joaquim Silva, com entrada de apenas 5 reais. Era em uma pequena casa, escondida dentro do último arco da lapa, que a velha guarda do Rap toda se reunia e o mc que ia batalhar pagava 1 real. Isso foi um pouco depois da pioneira Zoeira, eu devia ser a mais nova do recinto e uma das pouquíssimas mulheres, claro. Estava emocionada com tudo, cheirando a leite no mundo do Rap, saindo da febre dos bailes funks. Naquela época 100 pessoas no local eram muito, era só pra quem gostava muito. Ali ninguém podia imaginar a proporção que o Rap ia tomar.

O recém lançado "Negros" é um álbum que tem sido bem comentado entre os mc's cariocas,
mas pouco reconhecido pelo grande público. Vários mc's elegeram esse disco como o melhor do ano, ou um dos melhores. Acredito que não tenha tomado grandes proporções pelo simples fato de não se enquadrar tanto no jogo. É um estilo mais pesado, com rimas secas e beats ricos em samples, cheios de referências de filmes. Além de ter uma lírica mais adulta, que não tem apelo comercial, apesar de possuir uma faixa com Mr Catra. É um disco que representa bem a luta do povo negro brasileiro. Resumindo, aqui você não vai encontrar rap de mulherzinha.

Hoje eu parei pra ver o clipe "KillM" que fala basicamente sobre o caos de viver nesse mundo capitalista. O vídeo traz temas super atuais da desordem que o Rio de Janeiro vem enfrentando. Em época de Olimpíadas, tudo se encaixa perfeitamente. A letra é inteligente e a semelhança com o flow do BK é fortíssima nesse som. O Tupac como referência também me chamou atenção, pois as cenas do Beni de perfil lembram muito ele, não só por causa da sua marca registrada que era a bandana na cabeça, mas pela imagem num todo.

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