sábado, 3 de setembro de 2016

Raillow, Ogi, Qualy & Síntese - "Odisséia"



Só possuído, deveria ser o nome dessa faixa.
Venho acompanhando todos os lançamentos do Rap Box e já posso dizer que tenho 2 cyphers favoritos. O outro já postei aqui.

"Esquece tudo que cê aprendeu na escola."
A voz rasgada de quem inicia o som é do Raillow, integrante de um grupo paulista que a cada dia que passa vem ganhando mais reconhecimento. Faz pouquíssimo tempo que eu fui iniciada ao PrimeiraMente, por indicação do Haikaiss. Nas primeiras vezes que ouvi não gostei muito, por ter um estilo mais sujo e total masculino, mas logo depois cheguei a conclusão de que os garotos são bons mesmo. Merece um outro post só deles.
Num estilo agressivão, o Raillow aborda temas como as drogas de um jeito original e maduro, caindo mais pro lado político da questão.

Na sequência chega o Ogi com seu flow inconfundível "que vicia". Aliás, nessa sessão todos são fodas no quesito flow.
Ele que é mestre em criar personagens, já que é o melhor contador de histórias que o Rap tem, nesse som veio pagar de chefe do crime. Conheci o trabalho dele por afinidade com a pixação.  Ex pixador também, o "titio, vovô, ancião" Ogi sabe bem como descrever as ruas. Sendo pixo ou xarpi, vários mc's já tiveram envolvimento com a arte proibida e ele é um dos que mais exalta isso.
Não foi a toa que em 2011 ele cantou em uma das melhores edições da festa Xarpi.
O Ogi abriu o Circo Voador naquela noite histórica de 2011, em que dividiu palco com Black Alien, Marechal, Projota, Karol Conká, Negra Li, Xará, Juju Gomes, Gutierrez e André Ramiro. A galera da tinta estava ali em peso na Lapa para ouvir as crônicas da cidade cinza.

"Primeiramente vivi o Contrafluxo, Síntese do impulso, Poesia pragmática, Haikaiss, meu ser absoluto".
Dessa vez vou pular a parte de elogiar a voz dele, porque nem precisa. Qualy começou muito bem fazendo esse jogo de palavras com os nomes dos grupos, dos respectivos mc's ali presentes.
Relatando uma vida de lutas e conquistas no Rap, ele fala do seu amor por viver disso e a importante missão de estar sempre renovando.
"Expandir é um tiro no pé, limitar é um tiro no peito.
Renovação faz parte, quem quer ser obsoleto?
Então antes de opinar amigo, pague o boleto."
Sem necessidade de explicar seus versos, só sei que esse projeto que o Rap Box vem fazendo é um exemplo lindo de renovação e união na cena. É o que há de melhor no momento!

"O verso é novo, a vida é velha".
"Ousado zen, quem?" Neto, que ainda se auto nomeia Síntese (mesmo sem o Leo), com uns 12 anos de idade já fazia beatbox pros mais velhos rimarem nas reuniões de pixadores por volta de 2006, lá em São José dos Campos.
O famoso Vale, que fica no interior de SP, já revelou excelentes artistas e o Síntese é um deles.
Mesmo tendo surgido na pista há uns 6 anos, também foi só este ano que eu conheci e tive a oportunidade de convidar para cantar em uma edição especial da Xarpi em Niterói.
Nesse chyper o Neto está impossível, no bom sentido. Dando até uma arranhada no inglês, parece que baixou uma entidade ali. Com um intelecto avançado, ele fez "frígido sentir" finalizando esse som, que prova mais uma vez que o rap inteligente existe. Sem economizar palavras, ele disparou várias ideias que questionam a sociedade e incluem até religião.

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