quinta-feira, 30 de junho de 2016

Ari - Lembra



Quem lembra do Ari antes da Cone? Aliás, eu lembro quando ele era da "Banda C.O.N.E.".
Poucos sabem, mas antes do sucesso da Cone, existia uma banda voltada para o Rock, que fazia show paralelamente ao grupo Cone Crew Diretoria. Eu cheguei a ir em algumas festas lá no início de tudo, em que os mc's abriam os shows da banda. O Rany, Cert e Maomé apesar de já se apelidarem antes de C.O.N.E. entre os amigos, ainda não eram as atrações principais da noite naquela época, mas o Ari era. Ele era líder da "Síndrome" e logo resolveu rebatizá-la de Banda Cone. Não demorou muito para o Rap tomar de assalto a cena do Rock. Não sei bem o que aconteceu com a banda, mas com o tempo ela não vingou e surgiu uma legião de fãs do grupo.
Só bem mais tarde, lá pra 2009, quando o cd Ataque Lírico já era febre na net, que o Ari foi entrar no grupo, assim como o Batoré. O Ari chegou para somar melodicamente, ele que é o cara dos refrões da Cone. O sucesso dessa família eu nem preciso falar, pois todos sabem a importância e o patamar que as rimas deles chegaram junto com o trabalho do fundador e gênio dos beats Papatinho.
Após 3 cds lançados, muito sucesso e shows incontáveis, alguns integrantes do grupo vem apresentando projetos solos paralelos.

Hoje o Ari lançou o clipe "Lembra". E mais uma vez eu acabei lembrando de outra música sem querer. Foi inevitável lembrar do som "Só pra você lembrar" do Filipe Ret. Apesar dos estilos serem bem diferentes, a parte que o Ari canta "lembra quando a gente se olhava e se amava...lembra quando a gente se beijava na escada" se parece um pouco com " fiz essa canção só pra você lembrar, de quando a gente não queria nada, transava na escada..." ou "se amava na escada..." da versão light. Diferente da música do Ret, a do Ari é bem fofinha, de menino bonzinho e apaixonado. E preciso comentar que esse é o segundo clipe que ele acerta em cheio na modelo/atriz.




Beni - KillM




Beni é o cara atuante na cena, que sabe fazer com as próprias mãos... além de mc e beatmaker, ele anda dirigindo bons clipes.
Lembro da época que a Batalha do Real acontecia todos os sábados na Lapa, ele tinha um visual que chamava muita atenção e um nome bizarro, mc Saco de Cola. Quando a moda do hip hop ainda era bem fraca no Rio, ele já se destacava vestindo camisa que ultrapassava os joelhos. Não recordo dele batalhando, mas sim de batalhas históricas que aconteciam em um buraco da Joaquim Silva, com entrada de apenas 5 reais. Era em uma pequena casa, escondida dentro do último arco da lapa, que a velha guarda do Rap toda se reunia e o mc que ia batalhar pagava 1 real. Isso foi um pouco depois da pioneira Zoeira, eu devia ser a mais nova do recinto e uma das pouquíssimas mulheres, claro. Estava emocionada com tudo, cheirando a leite no mundo do Rap, saindo da febre dos bailes funks. Naquela época 100 pessoas no local eram muito, era só pra quem gostava muito. Ali ninguém podia imaginar a proporção que o Rap ia tomar.

O recém lançado "Negros" é um álbum que tem sido bem comentado entre os mc's cariocas,
mas pouco reconhecido pelo grande público. Vários mc's elegeram esse disco como o melhor do ano, ou um dos melhores. Acredito que não tenha tomado grandes proporções pelo simples fato de não se enquadrar tanto no jogo. É um estilo mais pesado, com rimas secas e beats ricos em samples, cheios de referências de filmes. Além de ter uma lírica mais adulta, que não tem apelo comercial, apesar de possuir uma faixa com Mr Catra. É um disco que representa bem a luta do povo negro brasileiro. Resumindo, aqui você não vai encontrar rap de mulherzinha.

Hoje eu parei pra ver o clipe "KillM" que fala basicamente sobre o caos de viver nesse mundo capitalista. O vídeo traz temas super atuais da desordem que o Rio de Janeiro vem enfrentando. Em época de Olimpíadas, tudo se encaixa perfeitamente. A letra é inteligente e a semelhança com o flow do BK é fortíssima nesse som. O Tupac como referência também me chamou atenção, pois as cenas do Beni de perfil lembram muito ele, não só por causa da sua marca registrada que era a bandana na cabeça, mas pela imagem num todo.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Start Rap - Pisa devagar



Vamos lá, vou tentar pisar devagar no som de hoje, até porque eu gosto muito desses meninos. 
O Start formado por Shock, Sain, Faruck e dj Donnie, lançaram recentemente este clipe com participação do grande Rael no refrão, que é O cara da voz, e com produção do Laudz, que é um dos caras mais fodas da cena.
Antes de dar o play no som, já veio na minha cabeça aquela música do Kamau, com participação do próprio Rael no refrão: "Pretinha desse jeito cê me deixa sem chão, me dá um minuto só da sua atenção, pisa devagar aqui no meu coração...". E na sequência sem fazer muito esforço, me veio na cabeça também outra música que eu gosto e que também se intitula "Pretinha" e é do próprio Start. Depois lembrei da "Pretin" da Flora e por aí vai.... Que eles têm influências desses caras já percebemos, e é pra ter mesmo, pois Rael e Kamau são lendas vivas do Rap nacional.
Mas se eu for parar pra ficar falando de letra que cada mc "pegou" de alguém eu vou ficar até o ano que vem nessa.  
O Rap tem bastante disso, de estar sempre renovando as músicas, produzindo remixes e é claro que isso deve acontecer em qualquer segmento musical, e com consentimento entre eles muitas vezes, mas eu ainda prefiro as músicas mais originais.

Voltando para o clipe, o som é sobre infidelidade e essa vida insana dos mc's com mulheres, bebidas e hotéis. Começa com a voz inconfundível do Shock, que é um dos meninos da cena que eu tenho virado cada vez mais fã, não só pelas músicas, mas pelo estilo. O Qxó se tornou referência pros mulekes de hoje até no modo de se vestir. Conheci ele bem novo, quando ele ainda nem devia pensar em ser mc e eu ainda não pensava em produzir eventos, na época de CIC, a verdadeira escola do rap carioca, onde rolavam as batalhas de mc's toda semana na Fundição Progresso em meados de 2007, 2008. Projetos como a Batalha do Real e a Batalha do Conhecimento, dos mestres Aori e Marechal, formaram muitos mc's dessa geração.
Depois vem o Sain (com mais uma mina na cama), que dispensa apresentações e que eu gosto muito do flow e das letras. Conheci ele ainda criança na época de sucesso de Loadeando, pois ele estudava no mesmo colégio que eu no Catete. Acho a evolução dele como mc incrível, o seu talento é cada vez mais perceptível.
Também curto muito o estilo do Faruck, mas poderia falar aqui mais uma vez sobre o machismo super presente no rap, porém dessa vez vou deixar passar... Aliás, chamar qualquer mina que ele pega de "vaca" não pode passar batido. O Faruck na piscina com 2 minas, é aquele quadro do rap que a gente já cansou de ver. É bem real, só não gosto que faltem respeito com as minas. Não estou falando que nenhuma mina é santa, mas da mesma maneira, os garotos também não são. Quem eles insistem em chamar de "putas" são aquelas que tem os mesmos princípios morais que eles, são aquelas que são livres a ponto de dar pra quem querem. 
E para os homens que continuam difamando as minas, quando vierem com textão no facebook fingindo apoiar o feminismo: não passarão!





segunda-feira, 27 de junho de 2016

Igor Bidi - Leve



Pensa em um clipe lindo, tá aí!
O lançamento de hoje é "leve" e esse é o tipo de clipe que me faz ter orgulho de ser carioca.
O título dessa música define bastante o som e imagem que o Igor Bidi passa.
Locação melhor impossível, a Pedra Bonita mostra como o nosso Rio é lindo de cima e como é possível o Rap ter harmonia com a natureza. Sempre comemoro quando vejo um clipe bem produzido que consegue fugir um pouco da babilônia.
Esse é um love song com uma letra madura e tem uma voz suave feminina somando no refrão, mas faltou ser chiclete para virar hit. Quando eu falo de maturidade, é que esse som foge dos padrões de rap de amor que estamos acostumados a ouvir, pois a letra retrata o amor livre, o amor ideal. 
O Bidi é fruto do Comando Selva, que também serviu de escola não só para mim, mas pra toda essa geração do RAP RJ. Esse coletivo que tanto influenciou nomes importantíssimos da cena atual, tem uma ideologia um tanto underground, que vem na contramão do jogo e por isso não se popularizou tanto. Segue na Estrada Livre e Voa Anonimamente é o lema deles e agora é a vez do Bidi voar.
Tive o privilégio de ouvir em um fim de tarde na praia, com o pôr do sol do Coqueirão, todas as guias do álbum Mini Jornada Gigante que está prestes a ser lançado e posso dizer que me surpreendi positivamente. São aquelas músicas que tocam lá no fundo e fazem refletir. 
O Bidi tem influências que vão além do mundo do Rap e uma pegada espiritual.  
É um rap de alma, pouco comercial, que merece ser ouvido!




ModestiaParte - Goles Perdidos




Têm uns meninos novos e talentosos que estão se destacando na cena do RapRJ.

O ModestiaParte formado por 3 meninos de São Gonçalo que não devem ter mais de 18 anos, estão fazendo sucesso com seus raps melódicos feitos especialmente para meninas. 
Após 2 clipes que estouraram no youtube, agora é a vez do "Goles Perdidos", com produção de nada mais, nada menos que Papatinho e Kaique, e ainda conta com aparições do Rany Money e do mc de funk Duduzinho. Nem precisa falar que a produção tá pesada e que o refrão gruda na cabeça, mas se não fosse o beat e o fato deles brincarem no flow, a música não seria tão boa assim, pois a letra tem lá suas falhas.
Essa geração baby do Rap com discurso forçado de bandido me broxa um pouco. Já no início do som, o Maquiny, que tem cara de mais novinho e emo do grupo, solta um "celular grampeado". Ah, com certeza a polícia deve estar perseguindo eles... rs
Depois vem o Az, com um discurso machista, chamando de piranhas todas as minas que ele diz estarem apaixonadas por ele. 
O Orochi chega surpreendendo no flow, mas essa coisa do rap de fugir da realidade e querer ser gringo, também me cansa... "em Paris ou Londres tem gata pro bonde" pode soar legal na música, mas acho desnecessário, tanto quanto essa mania que os mc's tem de falar que bebem Dom Perignon. É falta de criatividade ou uma grande necessidade de copiar o Black Alien? Pois olha que conheço bastante mc e nunca vi nenhum bebendo uma garrafa dessas por aí. E a parte do mini Mos Def falando pra acender na blunt que ele quer ficar drunk, foi feita pra rimar, mas seria correto ele falar que quer ficar chapado e não bêbado, um dope nesse caso soaria melhor do que drunk.  

Eu dou 3 estrelas porque o som e clipe estão bem produzidos, mas é aquele clichê do rap, homens cheio de mulheres em volta, que eles chamam de piranhas com todas as letras e elas sem querer querendo, continuam dançando nas festas. 


Acho realmente besteira de quem reclama da nova geração do rap que não tem compromisso com mensagem social, pois sou a favor de todos os segmentos, seja rap de amor, trap ou rap de mensagem, mas não deixo de me importar com a letra do que cada um propôs a escrever.

O rap vem de geração em geração e se essa galera não se preocupar em mudar, quem vai?
E o momento que vivemos é de emponderamento feminino, então meninas, não podemos achar normal os caras continuarem com posturazinha machista.
Os homens podem pegar 10 mulheres em um clipe, que estão tirando onda, e as mulheres solteiras que ficam com quem elas querem, ainda precisam ser chamadas de piranhas mesmo? Eu ainda to esperando o dia em que as mulheres do rap chegam com sangue nos ói rebatendo tudo isso, mas o rap feminino ao meu ver ainda deixa muito a desejar.