quarta-feira, 31 de agosto de 2016

ConeCrewDiretoria - All In Gang




Um fenômeno chamado Cone Crew Diretoria.
Quem viveu o boom do Rap Nacional (2010), sabe que a parada foi séria e que existe o antes da Cone e o depois da Cone. O tsunami que passou e colocou o Rap Carioca no mapa, vem há um tempo prometendo álbum novo e acaba de soltar esse som inédito junto com clipe.

Com o time desfalcado, todo mundo está querendo saber o porquê da ausência do Maomé e se essa música seria um aviso de rompimento, já que ele anda cheio de projetos paralelos.
A falta do seu ataque lírico fez uma certa falta. Maomé sempre teve um estilo mais sério e agressivo dos demais da crew. Sua fama começou nos duelos de mc's, onde eu me recordo das suas primeiras participações na Batalha do Real, no saudoso CIC (Fundição Progresso). No início ninguém botava muita fé, mas da noite pro dia ele se tornou um dos melhores na arte do improviso. Um troféu da importante Liga dos Mc's e diversos outros títulos fazem parte do seu currículo. Atualmente ele vem representando com várias iniciativas em prol do movimento, como o projeto Mic Master Brasil, que pela primeira vez na história irá premiar um MC com um carro zero. Mas mesmo assim torço para o Maomé permanecer no grupo, pois ele não é o mesmo sem a Cone e nem a Cone é a mesma sem ele.

"Eu to bebendo todo dia, fumando todo dia, fudendo umas vadias..."
Péra, aquela palavrinha mágica está por aqui novamente "vadias". (.....)
O som começa com esse verso, cantado por uma das minhas vozes preferidas do Rap.
Rany Money é o dono da primeira música que eu ouvi da Cone, "Skunk Funky", que por sinal era boa pra caralho pra época.
Quem ganha destaque pela voz também é o Ari, que é o mais versátil de todos e vem conquistando cada vez mais espaço na Cone Crew, sem falar que ele está com um trabalho solo promissor.
Com versos além de refrão, ele puxa uma dancinha com todos, dando uma graça a mais ao clipe.

Falando da Cone de antigamente, é notável a transformação que sofreu nesse não tão longo período de 10 anos. Não tão longo, pois parece que foi ontem que tudo começou. Os shows no Alto da Boa Vista e na Ilha Primeira marcaram uma época em que o Rap estava começando a ser frequentado por playboys e patys. Era emocionante e inovador ter que pegar um barco no meio da Barra da Tijuca para curtir um show em uma casa roots, com aquela velha falta de estrutura e som underground.
Tenho orgulho de ter realizado um show deles na segunda edição da Xarpi, no antigo Kalesa e em 2011 dois shows no Scala, ambos no Centro.
Quem conheceu o grupo lá atrás, sente falta das letras mais politizadas, mas a fama de grupo mais fanfarrão sempre existiu.
E "All In Gang" vem nessa pegada descontraída, reafirmando seu legado e dando continuidade à religião do foda-se.
O termo "all in" que vem dos jogos como o poker, significa investir com tudo contra seu adversário. É basicamente uma aposta de alto risco, de quem acredita que pode vencer, senão perde tudo.

A parte do Batoré tive uma certa dificuldade para entender de primeira, por causa do flow e da voz meio alterada.
As rimas são largadas daquele jeito único Batoré-de-ser e dedicados aos "recalcados". Aquele assunto principal do Rap Game, de quem tem mais nikes, likes e bitches...
"Pra você virar all in vai ter que viver 2 vezes" é um recado para os ditos "rap fakes".
E parece que o jogo inverteu, dessa vez pela primeira vez na vida eu consegui entender tudo que o Cert rimou. O mais wild style do grupo, brincou demais nesse som, não se repetindo tanto em suas métricas, mesmo utilizando de termos muitas vezes sem grandezas.

Sobre excessos e redundâncias da cena: o que fazem sempre questão de vender são "as drogas, a ostentação e as vadias". O Rap precisa pegar leve com esta misoginia irresponsável e descarada.

O clipe super classudo tem a direção assinada mais uma vez por Vandalo. Pelas ruas do centro do Rio, eles andam de traje "passeio completo" zoando tudo. Gostei, apesar de nunca entender o porquê dos rappers amarem se vestir socialmente nos clipes, diferente da vida real e eu já achar isso até clichê.
Com todos de preto e suas damas ao lado, em um cenário fino de festa de casamento, algumas partes me fizeram lembrar bastante o clipe "Invicto" do Filipe Ret.
Algumas figuras conhecidas reaparecem de outros clipes da Cone, como o Mr. Catra e o ator/cantor Negueba. O Alandim (filho do Catra) e o Mottila (grafiteiro/dono dos caps e das artes do Bonde da Madrugada) também participam.
Mas quem toma a cena de assalto mesmo são os figurantes, garçons, faxineiros e principalmente os músicos. Saxofones, guitarra e contra baixos valorizaram ainda mais o instrumental.
Aliás, beat foda já se tornou marca registrada da Cone, graças ao Papatinho.
Agora o negócio é esperar o Bonde da Madrugada II sair.
A cena final do clipe deu a esperança disso estar prestes a acontecer e se ela vai fazer jus ao "B.M. parte 1" só o tempo dirá.




domingo, 21 de agosto de 2016

Costa Gold - "Quem Tava Lá?" Com: Marechal e Luccas Carlos




"Vagabundo não esperava essa não."
E assim começa uma nova era, onde Marechal se une ao Costa Gold.
Esse som é para voltarmos à realidade de fato.
Geralmente começo pelo começo do som, mas dessa vez vou começar pelo final. Final que não deixa de ser começo, se tratando de Marechal.
O "Rap de Mensagem" finalmente se uniu ao "Rap Modinha"?
É o que muitos estão se perguntando agora.
Vamos lá! Que o Marechal influencia toda uma geração do Rap Nacional não é nenhuma novidade. Mestre é apelido, o cara sempre foi um dos mais respeitados da cena.
E assim como vários grupos novos, o Costa sempre deixou clara a sua admiração por ele. Não é a toa que o Predella tem tatuado "Quinto Andar" gigante no braço. Os integrantes mais ativos do Quinto eram Marechal, De Leve, Shawlin (Cachorro Magro) e DJ Castro.
Um feat com o Shaw ano passado no som "A Velha Oeste" já foi o primeiro sonho realizado deles, mas foi agora com o Marecha que deu o que falar.

Quinto Andar é um dos grupos primordiais do Rap, que fez história à partir de 99, ano esse que o Marechal diz na letra iniciar sua carreira, marcando show sem nem ter som lançado. Com um flow metralhado ele conta como era antes mesmo de se tornar MC, quando ainda era DJ, porteiro, promoter e até faxineiro se precisasse, da primeira festa de Rap do Rio.
Vale demais lembrar que a "Zoeira" era realizada por uma mulher, a Elza Cohen, uma das principais responsáveis pela volta das noites da Lapa, na época em que o Circo Voador foi fechado. A Elza é figura importantíssima na cena do hip hop, assim como várias mulheres. Pode parecer papo de feminista, mas não é, se o Marechal pecou em algo nesse som, foi em não citar nenhuma delas, só homens. O que já é de praxe no nosso meio é citarem as mulheres apenas como "vadias", falarei disso mais abaixo.
Quem tava lá? Não tinha nenhuma mina não? Quem é de verdade sabe que sem elas essa história toda não existiria, pois por trás das maiores festas e dos maiores artistas da nossa cultura têm mãos femininas, e muitas!
Quem tava lá? Eu ainda não tava, mas um pouco depois em 2005 eu tava lá no início da tradicional Batalha do Real, pode perguntar pro Aori e pro Cesinha.
Hutúz, Liga dos Mc's, Batalha do Conhecimento, Reciclando Pensamentos, Spraysom, Café Crime, Arará, Santa Marta, Luv, Clandestino e por aí vai... eu tava lá também!

Nessa música o Marechal também conta a sua treta histórica com o Cabal em 2006, que além de diss rendeu porrada e tirou a "senhorita" do mapa. Depois mostra um Marechal arrependido, mais maduro, focado e espiritualizado, que tive o prazer de conhecer melhor em uma visita ao seu "castelo" em Niterói. Com confecção, estúdio e escritório, ele é o dono dos seus próprios negócios e sabe levar isso tudo à frente na maior humildade, sem ostentar. A sua fama de pastor nos palcos vai além, ele realmente é professor e me deu uma aula sobre o mercado nesse dia. Sem falar que as experiências que tive com ele na Xarpi, me mostraram ser o mc mais sensato e justo da cena. Sem bajular, é real.

Há quem diz que foi uma jogada de mestre, uma espécie de cavalo de tróia, a participação dele nesse som, pois o Costa Gold contraria toda uma ideologia pregada pelo Marechal. Seria ele se infiltrando no rap da nova geração para passar sua mensagem?
Que ele não "precisa" disso nós sabemos, mas criança é a alma do negócio. Não adianta ficar no passado distante e atingir somente o público fiel e maduro. A criançada também está precisando ouvir mais papo de conteúdo e abrir a mente delas é uma grande missão. Marechal não é o primeiro nem o último a se unir aos novatos, o D2 já está nessa pegada há um tempo por exemplo. Estamos na era da velocidade.
"Quem tava lá" é um marco pros dois lados. Bom pros novos ouvirem os velhos e bom pros velhos ouvirem os novos. Sim, os velhos também precisam ouvir os novos, sempre!

O clipe muito bem dirigido tem uma cena clássica de estrada, meninos mijando, mas ninguém contava com eles enfileirados um do lado do outro.
A fotografia é foda e as cenas repletas de simbologias, tem aquele velho Marechal pé no chão, mais precisamente descalço, andando na contramão, carregando um livro, caderno e caneta.
O livro simboliza muita coisa, já que ele é responsável pelo projeto Livrar, onde livros são distribuídos gratuitamente nos shows.
O flow e a voz que interage com ele lembra muito o Quinto Andar.
"Um só caminho"? À essa altura ele já deve ter aceitado que são vários, mas a estrada continua sendo uma só, a mesma do Costa Gold, e é nessa que eles se encontram.

Esse som pode ser uma grande afronta para os fãs do Marechal, que discordam da filosofia de vida dourada, mas é um presente para os mais novos que só conhecem o que tem de atual e nunca sequer pesquisaram o passado e fundamento do Rap.
Me deparei com meu irmão que está prestes a completar 18 anos me perguntando se eu achava bom aquele cara lá que cantou por último na música nova do Costa Gold, ele nem sabia o nome e foi aí que me deu vontade de escrever sobre. Com 10 anos a mais me senti na obrigação de falar, mas procurando entender os dois lados, pois afinal, um dia eu já tive a idade dele.
Esse som não é pra mostrar quem é mais antigo, eu não suporto síndrome de old school underground. Esse som é pra mostrar quem tava lá no início de cada um e acima de tudo pregar respeito.

O beat sacanagem é do Pedro Lotto e começa com o clássico "ô-ow" do extinto icq, pura nostalgia!
Luccas Carlos chega pedindo para dar um grau na voz, será que precisava? Ele é o dono de uma das vozes mais potentes da cena atual. Sua vivência no Rap é recente, 2010 mas já está fazendo um estrago com sua pegada R&B. Há pouco ele vem mostrando que o seu timbre faz qualquer música virar hit, mas que o talento vai além dos refrões.
Nada surpresa, preciso mais uma vez falar que o discurso machista continua. O Luccas também se rendeu a ele,  afinal "puta" já é marca registrada no som dessa galera que ele está andando.
O papo é aquele clichê, das minas querendo dar pros caras do rap, aquelas que antes nem olhavam para eles mas que agora com a fama estão ali em cima.
O tema é o mesmo do seu single de estreia "Onde você tava?". Falando nesse som, o clipe é muito style e merece ser visto: https://www.youtube.com/watch?v=t4pMQff6P3s .
Scarface é foda, mas eu não sei qual é a ligação com o Rap, que a adoração é fora do normal, pois já perdi a conta de quantos mc's citam esse filme nas rimas.
Mas mesmo assim a parte do Luccas é bem gostosa de ouvir, viciante.

Inimigos, pela-sacos, bucetas e doenças sexualmente transmissíveis das "vadias" que jogam na cara deles (como se eles fossem forçados a comer) é o assunto principal do Nog, o que tem deixado muitas feministas indignadas. As minas querem dar, eles querem comer, levam elas pro hotel, todos gostam de sexo, mas depois eles se acham no direito de chama-las de piranhas. Alguém nos ajude Lázaro, a entender! Uma dose de hipocrisia e infantilidade a gente vê por aqui.
Que o Nog tem talento de sobra é indiscutível, a semelhança (maior influência) com o Eminem é citada por muitos. Mas estamos em um momento libertador de luta pela igualdade, que os caras do  rap fingem não ver. A idade explica muita coisa, onde meninos ainda precisam virar homens...

Predella, que vem forçando muito a voz ultimamente, mas sempre com um flow insano, falou da sua jornada que começou em 2008.
"Enquanto minha entrevista tem mais views do que todos os seus discos de rap" é uma indireta pros mc's que ele afirma ter começado a ultrapassar já em 2012. Pois é, em 2 dias já estão passando de 1 milhão de views nesse aqui.
"Nem começou o ano ainda e já lançamos 20 tracks" conflita bastante com aquele verso conhecido do Marechal "Um som por semana? Não sou esse tipo de Mc. Eu faço um som por ano e tu não fica uma semana sem ouvir." Mas Marechal respeita seus estilos diferentes e lembra de quando o Pedrella bem pequeno já o acompanhava.

Costa Gold vem se aproximando do Rap carioca cada vez mais, faz apenas 10 dias que lançaram junto ao Cacife Clandestino o EP "Cacife Gold" anunciando uma turnê.
Lembro de ouvir Costa Gold pela primeira vez em 2013 através de uma paulista louca que eu conheci. Ela veio me mostrar um clipe no youtube e confesso que na mesma hora pensei "saco, já vem alguém com aqueles raps horríveis de algum amiguinho", não lembro o nome da música mas lembro que achei eles bons e fiquei surpresa que nunca tinha ouvido falar. Alguns anos se passaram e o CG foi surgindo na cena e ultrapassando uma galera. No final de 2014 quando eles lançaram o cd Pósfacio na Xarpi, ainda eram pouco conhecidos, mas logo depois bombaram e hoje estão no top 5 da cena, sem o integrante Adonai, mas junto com o peso do Damassaclan.





sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Clara Lima - Realmente



Então vamos falar das mulheres do Rap nacional? Fui pesquisar e descobri que existem mais minas zikas do que eu pensava. E que surpresa boa foi me deparar com esse som...
A Clara Lima tem um flow de impressionar, que "realmente" põe vários no bolso.
Menina nova de Belo Horizonte, que começou nas batalhas de rimas como muitos mc's e já se tornou uma grande promessa pra cena.
O clipe foi gravado no Rio de Janeiro e o conteúdo é de visão de cria de favela.

A conexão da Clara com o RJ já vem rolando há um tempo...
Lembrei de um cypher que ela participa.
Ao lado dos garotos do selo carioca Pirâmide Perdida e do grupo mineiro DV, ela se destaca não só por ser a única mina no bagulho, mas pela sua levada funkeada.
https://www.youtube.com/watch?v=qdnyk2b2sk8
Se eu precisasse apostar em algumas minas, a Clara com certeza estaria no meu top5.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Mariana Mello feat. Guerrilheiros & Cortesia da Casa - Universo em Crise



Para os machistas de plantão - não, não é apenas um rostinho bonito.
No primeiro dia de agosto ela estreou bonito no rap, surpreendendo a todos, mostrando que tem talento e levada.
Para as minas - sim, estamos entrando cada vez mais na cena. Cada trampo feminino que aparece é motivo de orgulho, pois em um passado recente, o rap era predominantemente masculino. Não só os palcos, as plateias também eram tomadas por homens. Como ouvíamos falar de poucos nomes, é gratificante ver mais mulheres criando coragem e se jogando. Vale lembrar que as portas já estão mais que abertas para aquelas que não se intimidam. Prometo em breve postar mais minas por aqui.

A Mariana eu conheci um dia na praia da Joatinga (RJ), onde ela participava como modelo em um clipe do Correria feat Ber e Luccas Carlos. Até então, eu também não sabia do potencial do Luccas (histórias pra outro post).
Fui assistir a gravação à convite do amigo do Cartel e apesar de não ser muito conhecido esse som, super recomendo "Smooth": https://www.youtube.com/watch?v=IesjWcMNbxo .

Além de já fazer sucesso antes no instagram pela sua beleza fora do normal,
a MM agora está cercada de talentos, pois é mina do Spinardi. É fato que esse casal do rap ainda vai dar muito o que falar. E a coisa mais linda do clipe de hoje é ver o barrigão dela carregando a filha dos dois, o que mostra ser uma mina de atitude. Ela conseguiu passar uma imagem forte, de onde as pessoas geralmente esperavam fragilidade.

"Universo em Crise" é um som com boas ideias de vida. A letra cheia de reflexões tem participações de 3 integrantes do Damassaclan.
Smoke e Geleia do grupo paulista(no) Guerrilheiros, são dois caras responsas que eu conheci em um show do Haikaiss aqui no Rio e salvaram meu último rolé em São Paulo.
Lembro demais de um som deles produzido pelo Cia que tocava muito nas festas antigamente, "Pega mas não se apega".

Tangi, do grupo carioca Cortesia da Casa, foi adotado pelo Haikaiss e vem se destacando de uns tempos pra cá. Lembro dele mostrando um som pra mim e pro Ret na casa do amigo Pablo Martins (guardem esse nome) e pedindo a nossa opinião... Vou dar aqui, a voz desse menino é boa demais, não é a toa que ele é o dono desse refrão e também já faz parte do DMC.






segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Froid, Rod, Dalsin e SpVic - Veredicto



Sumida por aqui, hoje volto com uma pedrada pra vocês me perdoarem.
Junta 4 malucos líricos, um beat, uma câmera e espera a bomba...
É o que a galera do Rap Box fez para estrear a comemoração de 100 episódios no ar.
Esse é o tipo de feat que fica difícil escolher qual é o melhor, se é que precisamos escolher.
Para os críticos do youtube que vivem reclamando de "rap modinha", esse aqui é um grande exemplo de "rap verdadeiro". Conseguiram unir mc's excelentes que tem algo em comum: conteúdo.
Não por acaso, "Veredicto" começa com o último mc que eu citei no blog e larguei todos os elogios possíveis. O Froid inicia esse som incorporando a sua mãe e mulher. Ele manda a letra como se fosse elas expulsando ele de casa e terminando o relacionamento respectivamente, dando mesmo o veredicto.
Na sequência vem o Rod, do grupo baiano/carioca que eu tenho admirado muito ultimamente, o 3030. Ele chega inspirado, largou tanta rima boa em uma estrofe, que fez a diferença. São algumas punchlines [socos nas linhas] que se destacam, provocando desde os defensores do Bolsonaro até a igreja, mas a minha preferida foi "tô pela letra, se fosse só pelas drogas, eu escutava trance". Mesmo fã de música eletrônica, hei de concordar que o Rap fascina pela capacidade de passar mensagens como nenhum gênero faz. Terminada a sua parte com "paz", vem o próximo com um discurso cheio de sangue.
É, tava bom demais, até chegar o Dalsin com aquele elemento que não pode faltar no Rap, o machismo. Desiludido do amor, ele fala das "vacas" que ele come e da realidade de muitos rappers: drogas e tretas.
"Filha, cê aceita ser a mãe dos meus bambinos?" lembra aquela famosa track do Costa Gold que o Don L participou e marcou com "Cê tá afim de ser mãe do meu pivete?"...
Há quem vá dizer também que houve uma diss pro grupo Pollo nesse som, no verso "mc's vagalume apaga mais rápido que brilha". Esse mc do Audioclan, que chegou do interior de SP forte na cena, agora faz parte do coletivo Damassaclan, sempre disparando suas rimas de forma agressiva.
Para finalizar, chega mais um mc que veste a camisa do Damassa.
O Spvic entrou sério, com aquele ar de veterano de quem precisa honrar o Haikaiss.
Seu vocabulário e ideias continuam cabulosos e até confusos por conta do flow mais acelerado no final.
"Cada um com a sua versão", somado à produção do Leo Casa1, fez esse Cypher ser de qualidade!